Apresentação no Vila das Artes
A ideia de índio que permeia o imaginário popular, cinco séculos após a ocupação portuguesa no Brasil, permanece como uma imagem-estereótipo de um ser mítico: um homem nu, bárbaro, não civilizado, uma figura homogeneizante deslocada do contexto de cada povo nativo existente no país. Em verdade, a existência dos povos indígenas brasileiros difere quase que totalmente dessas noções antiquadas. Mas, afinal, o que é ser índio hoje? Viração é uma proposta cênica que se desenvolve sobre tal questão.
Dançando justamente nossas noções burras sobre uma identidade indígena, mesmo que na tentativa de reavaliação de nossos preconceitos, brincamos de índio, e na tentativa desta viração deparamo-nos com espelhos que mostram nossos próprios (pré)conceitos sobre o que seria essa figura mítica a quem nos direcionamos. Com e por ironia, ao falar do outro é que, virados do avesso, nos enxergamos.